quarta-feira, julho 04, 2007
DELÍRIO
Eu vejo a fila do banco
Eu vejo o doente morrer
Eu vejo o governo falar
Eu vejo a criança chorar
Eu vejo o mendigo deitado
Eu vejo o moleque cheirando...
Eu vejo o cara gritando
Eu vejo o idoso pedindo
Eu vejo o pobre repartindo
Eu vejo a polícia roubando
Eu vejo o ladrão se gabando...
Eu vejo os rios secando
Eu vejo a sujeira do mar
Eu vejo árvores caindo
Eu vejo a favela surgindo
Eu vejo a fúria do povo
Eu vejo a Terra, que nojo...
Eu vejo a guerra alí
Eu vejo a luta aqui
Eu vejo a bala perdida
Eu vejo o corpo no chão
Eu vejo a arma na mão
Eu vejo a mãe suplicando
Eu vejo o povo chorando...
Eu vejo o amanhecer
Eu vejo o entardecer
Eu vejo o anoitecer
Eu Vejo, eu vejo, eu vejo.
E nada.
(EDUARDO BARROS)
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