quinta-feira, setembro 14, 2006

DELÍRIO


Eu vejo a fila do banco. Eu vejo o doente morrer. Eu vejo o governo falar. Eu vejo a criança chorar. Eu vejo o mendigo deitado. Eu vejo o moleque cheirando...
Eu vejo o cara gritando. Eu vejo o idoso pedindo. Eu vejo o pobre repartindo. Eu vejo a polícia roubando. Eu vejo o ladrão se gabando...
Eu vejo os rios secando. Eu vejo a sujeira do mar. Eu vejo árvores caindo. Eu vejo a favela surgindo. Eu vejo a fúria do povo. Eu vejo a Terra, que nojo...
Eu vejo a guerra alí. Eu vejo a luta aqui. Eu vejo a bala perdida. Eu vejo o corpo no chão. Eu vejo a arma na mão. Eu vejo a mãe suplicando. Eu vejo o povo chorando...
Eu vejo o amanhecer. Eu vejo o entardecer. Eu vejo o anoitecer. Eu Vejo, eu vejo, eu vejo.
E nada.


(EDUARDO BARROS)

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